Lidando com as frustrações
E eis que, no mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia, que distava de Jerusalém sessenta estádios, cujo nome era Emaús; E iam falando entre si, de tudo aquilo que havia sucedido. E aconteceu que, indo eles, falando entre si e fazendo perguntas um ao outro, o mesmo Jesus se aproximou, e ia com eles: Mas os olhos deles estavam como que fechados, para que o não conhecessem. E ele lhes disse: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós, e por que estais tristes? (Lucas 24:13-17)
Não são poucas as pessoas que se perderam dentro de si,
porque não sabem mais o que querem da vida ou onde desejam chegar. Estão sem brilho,
sem ânimo, sem perspectiva de vida que é resultado em grande parte de decepções
sofridas ou expectativas frustradas.
O texto descrito por Lucas, é a imagem de alta definição que
traduz o sentimento de grande parte dos que perderam os referenciais de existir
e viver.
É muito comum em situações como essa, pessoas fazerem pelo
menos uma em quatro opções de caminho a se percorrer, como tentativa de
resolução da crise instalada dentro de si. Essas escolhas são tomadas de forma
inconsciente ou consciente, de maneira que lhes ofereça um mínimo de alívio
para tanto desconforto e sofrimento na alma.
ALGUNS SE REVOLTAM, entram num processo de transferência de
responsabilidades atirando para todos os lados tentando achar um culpado. Estão
sempre na defensiva sem se dar a oportunidade de entender os processos pelos
quais fizeram com que elas chegassem até esse momento sombrio e cinzento.
OUTROS SE RESIGNAM e passam a sofrer de braços cruzados
passivamente sem conseguir reagir. Entregam-se ao fatalismo mórbido de quem já
não tem mais esperança de que as coisas possam tomar outro rumo.
FUGIR DA REALIDADE é a escolha de alguns que se entregam a
infantis futilidades como meio de preencher o vazio que ficou. Com grande
frequência isolam-se do convívio social como meio de preservar-se de futuros
desgostos. Vivem se protegendo o tempo todo de qualquer interação que lhes
ofereça o risco de sofrer novamente.
CRESCER EM MEIO AO SOFRIMENTO é a contrapartida dos que
fazem a opção pelo caminho mais sensato, porém doloroso, de reagir e dar-se uma
nova oportunidade de reescrever a própria história. Estes, fazem das pedras no
caminho os degraus da maturidade e o conteúdo que proporcionará a outros que
também sofrem, a autoridade de quem passou pela experiência e agora pode ser
fonte de consolo para o abatido.
Só consegue crescer em meio ao sofrimento quem re-avalia os
conceitos de realização, pois assim tem estrutura para digerir as decepções.
Não podemos fazer do sucesso quantificado e visível o alvo maior, e sim, termos
as motivações corretas. Foi justamente aí que o grupo de discípulos desiludidos
falhou, porque esperavam um “Salvador da Pátria” e não um “Salvador da Alma”,
um agente visível de “força e poder” que os livraria do jugo romano, e não um
“governante do interior do ser” que mudaria os valores e conteúdos de caráter.
Não podemos permitir que a apatia se instale por falta de
enfrentamento da realidade. Precisamos nos reciclar no “privilégio” das
frustrações. É contraditório, mas frustrações podem ser um meio de se re-inventar
para experiências mais nobres e significativas. Foi exatamente depois da
consciência da frustração que eles desenvolveram perseverança no que criam, e
como resultado foram batizados com O Espírito Santo e com poder para
reescreverem o próprio roteiro.
Deus te abençoe,
Franklin Rosa