Um Deus multi-uso?

 E, para que não me exaltasse demais pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de satanás para me esbofetear, a fim de que eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei ao Senhor que o afastasse de mim (2 Co 12:7,8).

Nem sempre Deus remove pessoas indesejáveis como sugere a imagem “nada evangélica” do post, pois, Ele não está na categoria de produtos de limpeza multi-uso, utilizado para retirar da nossa vida tudo que nos traz desgaste e excessivo trabalho em lidar.

Deus também permite gente “atribulada” para nos atrapalhar, para nos ensinar o que é suportar! Às vezes esses indivíduos que desafiam nossa zona de conformação, são instrumentos providenciais para tratar com nossa arrogância, soberba, vaidade, inveja, impaciência e uma lista interminável de desvios de caráter e personalidade.

Esse “DEUS REMOVEDOR” tem pouco a ver com as Escrituras que revelam o Cristo, porque em seu ministério, Jesus recrutou com presciência dois traidores: Um Judas administrador financeiro corrupto, e um Pedro explosivo e volúvel que só se manteve amigo nos momentos convenientes. Essas marcas negativas e repreensíveis nos dois discípulos, não serviram como argumento para que eles fossem refugados do convívio com o Mestre.

As vezes Deus não remove, bem como, promove nosso encontro com irmãos gananciosos envolvidos em disputas internas de status e poder como Thiago e João, com um incrédulo contagioso e pessimista na fé como Tomé, com falsos irmãos corintianos como no ministério de Paulo apóstolo, entre tantos outros exemplos, com os quais gastaríamos ainda algumas linhas fazendo menção.

Sem entrar no mérito sobre “quem era o mensageiro” e o que era o “tal espinho na carne" do apóstolo, Paulo reconhece com humilde resignação a funcionalidade de tais agentes, como sendo parte de um processo depurativo e moderador das nossas mais intrínsecas inclinações obscuras produzidas no Éden, e que, encontram eco ainda hoje na nossa falsa ideia de seres superiores a outros.

Essa crença de um "deus multi-uso" não ganha legitimidade nem bom senso cristão no Novo Testamento, ainda que existam casos isolados como Atos 5 e 1Tm 1:20. A convocação para aqueles que foram alcançados pelo Evangelho não é segregar, e sim, agregar, não é remover, e sim, converter.

E vale aqui lembrar as palavras do mesmo apóstolo, que chegou a inevitável conclusão: “Revestí-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos (ajudando, auxiliando, dando suporte) e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também” (Colossenses 3:12,13).

Deus te abençoe,

Franklin Rosa