Geração Eliú
Não são os velhos que são os sábios, nem os anciãos que
entendem o que é reto. Pelo que digo: Ouvi-me, e também eu declararei a minha
opinião. (Jó 32:9,10)
Existe um samba de autoria do cantor, compositor e
instrumentista Jorge Aragão cujo título é “Moleque Atrevido”, que é muito
oportuno e pertinente e que define bem o assunto da nossa reflexão.
A música é uma crítica de um veterano do samba que percebe o
desdém dos novatos do pagode, e que se acham “a última colherada do pote de
Nutella”.
Na parte final da composição ele faz seu último desabafo: “E
quando pisar no terreiro; Procure primeiro saber quem eu sou; Respeite quem
pode chegar onde a gente chegou.”
Esse sentimento de “rei da cocada preta” mesmo tendo na
bagagem pouca ou nenhuma experiência, ao que me parece é o que toma conta do
coração de Eliú, quando ele resolve atrever-se a emitir sua opinião sem ser
solicitado.
Existia um comichão nas entranhas daquele jovem
inexperiente, que havia subtraído seu juízo e bom senso, fazendo com que ele
“metesse a mão naquela cumbuca” sem ser chamado. Ele não levou em consideração
a vida reta e temente à Deus de Jó, nem mesmo os cabelos brancos dos três
amigos dele.
Eliú acreditava que estava “abafando”, como dizem os mais
velhos. Só que não! Sua atitude só demonstrou sua “pouca rodagem” e falta de
percepção, porque em momento algum sua argumentação se diferenciou da opinião
de Elifaz, Bildade e Zofar contra o amigo deles, Jó.
O jovem Eliú, gastou um enorme tempo e investiu grande quantidade
de energia na tentativa de ser “advogado de Deus” mantendo Jó no banco dos réus
como os demais. Do capítulo 32 ao 37 ele tenta a “arte do convencimento”, mas é
solene e indiferentemente ignorado por Jó, Elifaz, Bildade e Zofar e pelo
próprio Deus que não lhe respondem absolutamente nada e não lhe dão atenção.
Ninguém estava “nem aí” pra opinião de Eliú.
Não quero dizer com estas linhas que os jovens estão
proibidos ou que devam ser cerceados de emitirem sua opinião, jamais, mas que
devem fazê-lo com reverência e cautela levando em consideração a “voz da
experiência”, entendendo que devem respeito a quem pôde chegar onde os mais
velhos chegaram. Existem assuntos e situações que o melhor a fazer é calar,
ouvir e aprender como disse nosso irmão Tiago: “Todo homem seja pronto para
ouvir, tardio para falar e tardio para se irar” (Tiago1:19).
Deus te abençoe,
Franklin Rosa