Santa aglomeração


 Como eu amo o teu Templo, ó SENHOR Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali! Tenho saudade dos pátios do Templo de Deus, o SENHOR. Com todo o meu ser, canto com alegria ao Deus vivo. (Salmos 84:1,2)

Quando alguém quer desconstruir a imagem de um indivíduo ou de um grupo, é só usar a velha técnica de ataque e desqualificação do mesmo. É precisamente neste aspecto, que tenho observado os esforços daqueles que criticam a fé alheia não somente em tempos de pandemia, dizendo que “a igreja somos nós”, e que, não há necessidade de aglomeração ou ajuntamento em meio a uma crise tão grave de saúde, somente porque os pastores e padres estão preocupados com a arrecadação de dízimos e ofertas, e não querem abrir mão destes recursos. Este argumento é muito frágil, pois em plena era digital basta um DOC, um TED ou PIX por meio de um APP, para que o gazofilácio (caixa de coleta) não faça falta alguma.

Com muita frequência os que argumentam usando desta premissa, são aqueles que um dia já tiveram seus vínculos com alguma instituição religiosa, e hoje estão no lado oposto da trincheira devido a decepções entre outros fatores, ou porque sentem prazer sem conhecimento de causa em atacar de forma gratuita o solo sagrado da devoção do outro, ou devido a questões e interesses políticos/ideológicos.

Bem, eu também sou do grupo dos que defendem neste momento crítico o isolamento, o distanciamento e as restrições sanitárias como meio de estancamento da propagação do vírus. Também faço parte dos que acreditam que “a igreja somos nós” e não o templo. Mas também sou daqueles que sentem uma necessidade real, subjetiva, psicológica e espiritual de uma “santa aglomeração” como meio objetivo de comungar da mesma fé e partilhar afetos e carências que se potencializaram por conta da agressividade desta pandemia.

Parece-me que o salmista também era participante do mesmo sentimento e interesse que eu e tantos outros possuem, de estar congregado na “Casa de Deus”: “É melhor passar um dia no teu Templo do que mil dias em qualquer outro lugar. Eu gostaria mais de ficar no portão de entrada da casa do meu Deus do que morar nas casas dos maus” vs. 10.

Creio que o desejo de estar junto é legítimo e tentar desmerecê-lo como mero expectador só porque “alguns” realmente têm interesses escusos (eu admito este fato), é falta de empatia ou desconhecimento de quem não sabe o poder terapêutico que uma reunião em torno do Evangelho e daquilo que ela representa para a alma humana, proporciona para aqueles que estão carentes e sobrecarregados com suas angústias e dilemas existenciais.

Generalizar é um erro! Existem sim líderes e pessoas sinceras, honestas e despretensiosas que se reúnem em um ambiente religioso, pelo simples prazer de estarem juntas em torno de algo ou “Alguém” que transcende a desconfiança e a racionalidade insensibilizada pelo vírus do preconceito contra os que acreditam que somente Deus pode pôr um fim a essa tragédia mundial de saúde, sem menosprezar ou negar a ciência como fazem os críticos do lado oposto da fé.

Deus te abençoe,

Franklin Rosa