A exploração da fé

Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. (Mateus 21:12)

Normalmente nós fazemos a leitura desse texto, somente na perspectiva da indignação contra a atitude desonesta dos cambistas e vendedores, que extorquiam a boa fé dos pobres fiéis que iam até o templo em sua simplicidade para adorar a Deus, fornecendo a eles os meios para adquirirem os animais que seriam oferecidos.

Mas se formos honestos com a interpretação do episódio, iremos perceber que existia uma relação consensual entre aqueles que exploravam a fé do povo, e os que se deixavam deliberadamente serem explorados.

Jesus inquietou-se de tal maneira, que foi impelido a tomar uma atitude drástica e carregada de indignação, expulsando a ambos daquele ambiente.

A exploração da fé é uma prática antiga e muito lucrativa. Paulo apóstolo se viu envolvido em uma celeuma, quando a sua pregação e ministério estava desmontando a fonte de lucro de um tal Demétrio que era artesão fabricante de estatuetas da deusa Diana ou Artemis em Éfeso (Atos 19:23-41).

É óbvio que Demétrio que era uma espécie de líder de sindicato dos artífices, não ficou nem um pouco satisfeito que sua fonte de renda estava sendo estancada, e tratou logo de incitar a população contra Paulo, pois o comércio da cidade girava em torno da peregrinação ao Santuário de Diana e de tudo que se produzia em relação a ela.

Trazendo a experiência de 2 mil anos atrás para o nosso contexto, sabemos que existem pessoas sinceras e simples que vão até os templos (sejam eles católicos ou evangélicos) para prestarem culto à Deus, mas lá são envolvidas por manipulação psicológica ou pela emoção da ocasião, e então acabam adquirindo badulaques e objetos supostamente sagrados e indispensáveis a fé, sendo usurpadas moral e financeiramente.

A questão que levanto aqui, é que a falta de percepção em não identificar a “malandragem” dos “vendilhões do templo” é até admissível durante um período, pois algumas pessoas vão até esses lugares fragilizadas.

Entretanto, essa vulnerabilidade não é permanente e isso não isenta o fiel da responsabilidade diante de Deus e de si mesmo, até porque alguns já ganharam consciência do fato, mas preferem continuar com o jogo do “me explora que eu gosto”.

Preciso pontuar também que não podemos generalizar, pois existem boas práticas teológicas e líderes cristãos de caráter ilibado, mas a Bíblia adverte que o povo “perece por falta de conhecimento” (Oséias 4:6), e recomenda que devemos “crescer na graça e no conhecimento” (2 Pedro 3:18).

Portanto, cabe a cada indivíduo a expansão de consciência, para que desenvolva uma fé madura e “imunizada” contra os exploradores da fé.

Deus te abençoe,

Franklin Rosa