Junto e misturado
João Batista jejua e não bebe vinho, e todos dizem: Ele está dominado por um demônio. O Filho do Homem come e bebe, e todos dizem: Vejam! Este homem é comilão e beberrão! É amigo dos cobradores de impostos e de outras pessoas de má fama. Porém é pelos seus resultados que a sabedoria de Deus mostra que é verdadeira. (Mateus 11:18,19)
Provavelmente você já deve ter ouvido ou mesmo falado a
frase: É difícil agradar a todos, nem mesmo Jesus Cristo conseguiu! Numa
interpretação livre dos versos acima seria como se Jesus estivesse dizendo mais
ou menos assim: Afinal de contas, o que vocês querem se nem meu estilo nem o de
João Batista consegue agradá-los?
Em seu ministério, Jesus veio trazendo um novo modelo de
espiritualidade que rompia com os padrões sociais e comportamentais rígidos e
excludentes até então concebidos. O seu jeito sociável e despojado de
relacionar-se com todas as categorias de pessoas acolhendo elas sem julgamento
temerário, não se adequava aos semblantes sisudos e austeros dos religiosos,
que não se misturavam e segregavam os diferentes.
Nos versos anteriores 16 e 17, Jesus estava comparando os
seus críticos a crianças mimadas e emburradas que brincam juntas na pracinha do
bairro, mas não sabem o que realmente querem. Se a brincadeira é de tocar
música alegre elas não dançam, se é para tocar música triste elas não choram.
Ou seja, eles gostam mesmo é de jogar contra!
Esse jeito “tamu junto e misturado” de Jesus, chocava a
falsa santidade dos fariseus (Mateus 9:9-13) que se escandalizavam pela
absoluta liberdade que Ele tinha em transitar em qualquer ambiente. A impressão
que nos dá lendo o contexto do capítulo, é que, até mesmo João Batista parece
ter tido uma recaída na sua convicção sobre a identidade de seu primo Jesus vs.
3, quando envia seus discípulos para perguntarem se era Ele mesmo o Messias, ou
se teriam que aguardar a chegada de outro mais polido, reservado, discreto e
menos dado às pessoas.
O fato é que Jesus manda um “papo reto” pra João dizendo que
só teria autoridade para realizar os sinais que Ele fazia, se realmente Ele fosse
o Messias. O seu modo sociável não tinha nenhuma relação com a afirmação da sua
identidade, pois os fariseus se vangloriavam de serem separados como os representantes
de Deus de semblante piedoso, mas na interioridade eram como túmulos pintados
de branco, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos
de mortos e de podridão (Mateus 23:27).
O que ocorre é que nós temos uma facilidade imensa para
rotular as pessoas pela embalagem, mas não nos damos ao trabalho de conhecer o
conteúdo para fazer uma avaliação sincera e criteriosa. O nosso julgamento é
superficial, e não obstante, baseado na aparência e na impressão de terceiros.
Como disse o Senhor ao profeta Samuel: “... o homem olha
para o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração” (1 Samuel
16:7).
Deus te abençoe,
Franklin Rosa