Talentos enterrados

Portanto, usemos os nossos diferentes dons de acordo com a graça que Deus nos deu... Se é o dom de servir, então devemos servir; se é o de ensinar, então ensinemos; se é o dom de animar os outros, então animemos. Quem reparte com os outros o que tem, que faça isso com generosidade. Quem tem autoridade, que use a sua autoridade com todo o cuidado. Quem ajuda os outros, que ajude com alegria. (Romanos 12:6a-8 NTLH)

Quando o tema em discussão é sobre “dons espirituais” logo nós recorremos aos textos de (1Co 12:4-11 / 28-31) e (Efésios 4:11), e nos esquecemos de (Rm 12:6a-8) que é tão importante e indispensável quanto os outros.

Isto acontece porque geralmente há uma super valorização e busca pelos dons de manifestações sobrenaturais ou ministeriais, que proporcionam status e visibilidade fazendo com que a grande maioria demonstre desinteresse pelos dons que não tem destaque ou reconhecimento público.

Note no verso 1 que o apóstolo Paulo introduz o assunto com um apelo para que tenhamos uma vida inspirada com a consciência da graça que nos alcançou, e que deve nos motivar ao santo serviço no Reino, pois esta é a nossa prestação de culto inteligente que agrada ao Senhor: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (NVI).

Ele continua argumentando no verso 2, que devemos descobrir como podemos ser relevantes entendendo o plano de Deus para nossa vida, e não nos deixando influenciar pelo modelo pensante de valores do sistema em que vivemos : “não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Ele” (NTLH).

Na sequência Paulo fala sobre a “medida de fé” que Deus repartiu a cada um no verso 3, e imediatamente faz a ligação de todo o contexto com os versos 4 ao 8 mencionando a funcionalidade de cada membro no corpo e a importância da particularidade de cada dom para que esse organismo vivo que é a Igreja se desenvolva e cresça de forma equilibrada e saudável.

Resumidamente, os dons de Romanos 12 são classificados como “dons naturais” ou “dons de serviço”, que podem ser o desdobramento de talentos e capacidades que já possuímos naturalmente ou que adquirimos por um processo de aprendizado, como por exemplo, a profissão que exercemos secularmente e que pode ser colocada a serviço do Reino com grande utilidade e para a glória de Deus.

Para me fazer mais claro, o que quero dizer é que você pode ser um médico, enfermeiro, engenheiro, dentista, psicanalista, pedreiro, marceneiro, pintor, músico, professor, confeiteiro, padeiro, entre tantas outras possibilidades, e usar sua capacidade a serviço do Reino de forma objetiva e concreta para abençoar pessoas.

Existem inúmeros talentos que estão enterrados como o descrito na parábola de Mateus 25:14-30, ou que estão sendo utilizados tão somente para a própria subsistência, quando deveriam estar a serviço de pessoas no Reino de Deus.

O dom da “diaconia” ou “serviço” também é encontrado em 1Co 12:28 (socorros e governos). Numa escala de importância, eles estão na frente do dom de “variedade de línguas” que é a grande “vedete” quando se fala em dons espirituais.

É importante ressaltarmos aqui, que não podemos isolar os versos 6 ao 8 dos versos 1 ao 5, nem tampouco do restante do capítulo para entendermos o tamanho da responsabilidade que eles carregam consigo. Desta interpretação e aplicação depende o nível do nosso comprometimento com o Reino de Deus, e se a verdade da nossa espiritualidade corresponde com o nosso discurso e performance religiosa.

Minha oração, é que tenhamos discernimento para descobrir de que forma Deus deseja nos usar seguindo o conselho do apóstolo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente” (1Co 12:31).

Deus te abençoe,

Franklin Rosa