A incompatibilidade do Evangelho
Jejum em dia de festa
Remendo novo em pano velho
Vinho novo em odre velho
Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? (Marcos 2:18)
A pergunta dos discípulos de João Batista surge, porque eles
estavam incomodados com a absoluta liberdade com que os discípulos de Jesus se
comportavam, quebrando todos os padrões e protocolos incoerentes e
contraditórios concebidos pela religiosidade farisaica, que estava na rota de
colisão com a verdade essencial do Evangelho.
O ministério de João Batista era um prenúncio da Verdade que
estava prestes a ser revelada, e os seus discípulos a semelhança do mestre,
estavam fazendo um ótimo trabalho de romper com os padrões viciados e
corrompidos dos fariseus, porém, eles ainda não haviam entendido que o
Evangelho não se ajusta a nada que contrarie a graça, nem que compactue com a
dissimulação ou hipocrisia religiosa.
Jesus então responde a eles usando 3 ilustrações que
tipificam a tentativa frustrada de querer adequar algo com outro que é totalmente incompatível, e que inevitavelmente
resultará em conflito.
Na primeira comparação, fica claro que é ilógico as pessoas
serem convidadas para uma festa de casamento e se privarem da comida e da
bebida vs. 19,20. Na segunda, ele demonstra que um remendo novo só vai acentuar
e evidenciar ainda mais o desgaste do restante do tecido velho vs. 21. E na
terceira, ele recorre à reação provocada pela fermentação do vinho novo que explode,
rompendo o couro rígido e inflexível do odre velho vs. 22.
Não havia qualquer possibilidade de acordo entre a mensagem
do Evangelho e a incoerência dos rabinos judeus, que devido à mentalidade
obturada e rigidez dogmática, só contrariavam o espírito da lei e dos profetas.
Era tentar remendar algo que já não tinha mais possibilidade de concerto. Era
quebrar paradigmas tentando colocar uma nova mensagem em cabeças velhas, que
certamente não suportariam o poder do seu conteúdo.
Digo isto porque tanto no contexto anterior como no
posterior (vs. 1-17 / 23-28) onde lemos sobre a cura do paralítico em
Cafarnaum, o banquete com publicanos e pecadores na casa de Levi e a quebra do
descanso no dia de sábado, evidencia como aqueles líderes judeus com o seu
legalismo e falso moralismo estavam distantes do Evangelho preferindo antes a
inflexibilidade dos dogmas da lei, em detrimento do ser humano e da vida que
era a razão pela qual Jesus havia encarnado e voluntariamente iria para a cruz.
O que fica constatado é a imensa dificuldade em demover
alguém que já formou sua opinião em padrões preconceituosos baseado na
intolerância e na falta de amor, e não admite a possibilidade de estar errado.
Com isto, não estou sugerindo a introdução ou adesão de ideias modernas que são
mais atraentes e que contrariam a boa tradição que zela pela sã doutrina,
absolutamente, estou simplesmente pontuando que não podemos ser tão
impermeáveis ao ponto de não absorvermos o derramar do Espírito que rompe conceitos
envelhecidos, obsoletos e inimigos do amor manifestado na cruz.
Deus te abençoe,
Franklin Rosa