Ponto fora da curva
Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia, dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus (Mateus 3:1,2).
Um sujeito fora de moda que se vestia com um figurino
esquisito (as vestes de João eram feitas de pêlos de camelo e trazia um cinto
de couro nos lombos vs. 4), que tinha uma dieta nutricional estranha aos olhos e
repulsiva ao paladar (se alimentava de gafanhotos e mel silvestre vs. 4), que
fazia questão de morar na periferia e identificar-se como marginalizado (ele
vinha do deserto da Judeia vs. 1), com um sermão antipático, impopular e nada
polido (Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi,
pois, frutos dignos de arrependimento vs. Vs. 7,8), mas um homem totalmente disposto
a cumprir o plano de Deus para sua vida, sem temer os poderosos nem mesmo a
morte (e mandou degolar a João no cárcere; e a cabeça foi trazida num prato...
Mateus 14:10,11).
João era o tipo de indivíduo que nós classificaríamos hoje
como “ponto fora da curva”, aquele que não admitia ser refém da mediocridade se
vendendo a um discurso bem elaborado ou aparência sofisticada, nem aquele tipo
que se enquadraria nas convenções sociais ou na estética da religião, para possibilitar
com que sua mensagem fosse bem recebida. Com sua mensagem dura, mas extremamente
pertinente e necessária, é bem certo que não seria um desses pregadores
midiáticos convidado para grandes congressos.
A profecia de Isaías 700 anos antes do seu nascimento
registrada no capítulo 40 verso 3, nos dá a dimensão do significado e
importância do ministério de João “o batizador”. Ele veio com a missão de
nivelar o terreno preparando o ambiente, e possibilitando que o acesso ao
CAMINHO fosse descomplicado de encontrar. Através dele todos teriam condições
para escolherem entre a tradição morta que se contentava e se vangloriava da
paternidade abraâmica vs. 9 divorciada de integridade, ou então, optar por um
reino subversivo que estava prestes a se manifestar, e que conduziria a Verdade
e a Vida (João 14:6).
Seu treinamento foi em um ambiente ameaçador, justamente
para prepará-lo para a hostilidade do que iria enfrentar, e também para que
aprendesse a depender somente de Deus. Ele tinha noção de que as coisas não
seriam facilitadas, e por esta razão, a solidão e sequidão do deserto lhe deram
a tempera e convicção necessária, de que precisaria para proclamar sua mensagem
a corações inóspitos da graça de Deus.
Na retaguarda do batista da Judeia, inúmeros João’s estão
clamando no deserto sem os holofotes voltados para si. Estes como aquele, desejam
ardentemente que o Filho de Deus cresça e que eles sejam diminuídos de toda glória
envaidecida (João 3:30). Eles compreenderam que são meros instrumentos para testificarem
a respeito da Luz, para que alguns creiam por meio deles. Vieram com o firme
propósito de contribuírem para que A CHAMA de Deus resplandeça nas trevas, a
fim de que os que andam na escuridão sejam iluminados para A Vida eterna (João
1:4-9).
Esses João’s batizadores, estão onde a grande maioria não
tem interesse algum em estar, mas são eles que têm discernimento, autoridade e
ousadia para apontar: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! (João
1:29b)
Deus te abençoe,
Franklin Rosa