Incoerência na cadeira de Moisés
Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. (Mateus 23:1-3)
Existe uma frase que comumente é atribuída a Bob Marley
embora existam divergências sobre sua autoria, que exemplifica exatamente o modo
oposto de como se comportavam os escribas e fariseus perante a sociedade em
Jerusalém: “Preocupe-se mais com a sua consciência do que com sua reputação.
Porque sua consciência é o que você é, e a sua reputação é o que os outros
pensam de você. E o que os outros pensam, é problema deles”.
Embora os líderes do judaísmo tivessem legitimidade para
fazer a exposição das Escrituras do Velho Testamento pelo fato de ocuparem por
direito a “cadeira de Moisés”, e também por outro fator de maior importância
ainda que é a autoridade da Palavra de Deus por si só, todavia havia uma
contradição entre o que eles pregavam e o que realmente viviam, e que foi discernido
pela comunidade religiosa e pela sociedade da época, e também duramente
criticado pelo Senhor Jesus.
A exagerada ênfase e valorização em relação às formalidades
exteriores de sua religiosidade, contrastava gritantemente com o caráter
corrompido daqueles líderes que oprimiam o povo, e que se comportavam na
contramão do que se esperava deles como representantes de Deus.
Aquela cadeira representava o grande legado deixado por
Moisés que foi o grande libertador e legislador de Israel, e assentar-se nela era
motivo de grande privilégio que deveria gerar em seus ocupantes temor e tremor
por tamanha responsabilidade e autoridade concedida.
Aquele lugar de honra remetia a contribuição do escolhido de
Deus para transmitir parâmetros para o desenvolvimento de uma espiritualidade
sadia, que se revelaria no amor ao Criador e consequentemente em relações
interpessoais baseadas no respeito e dignidade.
Entretanto, aquele posto estava sendo vilipendiado a
semelhança de inúmeros púlpitos que estão passando pelo mesmo processo
degradante em nossos dias, por causa de líderes incoerentes entre o discurso e
prática.
É bem simples identificar quando uma espiritualidade está
sendo praticada de forma doentia e discrepante como a dos escribas e fariseus,
pois invariavelmente ela produz uma religiosidade envaidecida e hipócrita que
valoriza o marketing pessoal e despreza a piedade discreta vs. 5-12, se deleita
com dogmas, regras e formas em detrimento da vida humana vs. 16-24, é altamente
zelosa com o exterior, mas negligencia o interior vs. 25-34, e pra finalizar, é
extremamente asfixiante devido à ausência de bondade e misericórdia vs. 34-37.
Deus te abençoe,
Franklin Rosa