O profeta do altar

Porque assim me ordenou o Senhor pela sua palavra, dizendo: Não comas pão, nem bebas água, nem voltes pelo caminho por onde vieste. (1 Reis 13:9)

Inegavelmente este era um homem de Deus com chamado profético, que qualquer um com o mínimo de juízo não deveria duvidar nem sequer tentar se revoltar contra sua palavra.

Parece que Jeroboão não entendeu isso, e teve de experimentar na própria pele (ou na própria mão) as consequências de apontar o dedo para aquele a quem Deus deu autoridade vs. 4.

O rei então desesperado por ver que o sinal de que falara o profeta havia se cumprido, e vendo-se impotente com a mão enrijecida sem poder movimentá-la, suplica ao profeta para que ele ore ao seu Deus que o cure, o que de fato acontece vs. 6.

Jeroboão que agora havia caído em si e testemunhado que realmente aquela era palavra de Deus, tem um ímpeto de gratidão comovido pelo favor recebido, e convida o profeta para que fosse até sua casa para que o rei pudesse recompensá-lo de alguma forma vs. 7.

O homem de Deus se recusa, pois tinha uma ordem específica da parte de Deus que dizia: “Não comas pão, nem bebas água, nem voltes pelo caminho por onde vieste” vs. 9.

Até aí tudo bem com o plano ocorrendo dentro do procedimento e do previsto, até que outro profeta velho que morava em Betel fica sabendo por boca de seus filhos o que o profeta de Judá havia feito ao rei e ao altar, e então, movido por interesses desconhecidos manda que preparassem um jumento para que ele fosse atrás do tal homem, que havia realizado tão grande e assombroso feito vs. 11-14.

É nesse momento que as coisas começam a sair dos trilhos para o profeta do altar e ele dá atenção ao que e a quem não deveria dar, desobedecendo a uma ordem explícita dada por Deus vs. 9.

O profeta de Betel que era mais experiente envolve o profeta de Judá “desdizendo” o que Deus já havia afirmado categoricamente para que ele não fizesse, e o convence a ir a sua casa para cometer o erro do qual ele já havia sábia e vigilantemente se desviado antes vs. 15-19.

Estando os dois tranquilamente a mesa fazendo a refeição, repentinamente o profeta velho de Betel se vê tomado por inspiração da parte de Deus, e repreende a desobediência do profeta de Judá dizendo a ele que sua negligência seria cobrada duramente vs. 20-23, o que de fato acontece logo em seguida vs. 24.

Existem algumas aplicações práticas desta história, que podem nos ajudar a cumprir a vontade de Deus de forma honrosa:

A PRIMEIRA delas é que não devemos temer a quem quer que seja quando Deus nos orientar para entregarmos uma palavra profética de arrependimento, pois se Ele nos chamou não permitirá que Sua Palavra volte vazia antes de cumprir o que deve ser feito.

A SEGUNDA é que por mais impenitentes que sejam algumas pessoas, sempre devemos ter compaixão e disposição de interceder por elas diante de Deus, para que de alguma forma recebam o dom do arrependimento e se convertam para receber a graça Dele.

A TERCEIRA é que devemos manter a vigilância porque frequentemente após sermos usados por Deus para realizar alguns feitos notáveis, sempre se apresentará no nosso caminho situações para testar nossa sensibilidade e obediência à voz de Deus e a sua ordem.

A QUARTA é que NÃO é NÃO! Não existe possibilidade de negociação com ordens específicas já declaradas por Deus. Tentar relativizar, desobedecer ou “achar que não é bem assim” algo que já está absolutamente definido por Deus, é assumir um risco desnecessário com o ônus da vergonha e da derrota.

A QUINTA é que por mais que alguém pareça espiritual ou mais experiente e venha tentar nos convencer daquilo que Deus nos disse especificamente ou que já sabemos de antemão pela sua Palavra Escrita que está na rota de colisão contra Sua Vontade, não devemos ter o mínimo receio de rejeitar, repreender e desconsiderar a palavra de tais “profetas”.

A SEXTA é que homenagens póstumas (vs. 29-31) não preenchem o vazio nem tampouco compensam o fato, de se perceber de alguma forma como motivo de tropeço no caminho daqueles que tiveram sua vida ou ministério interrompidos prematuramente. O bem que tiver de fazer a alguém, faça com toda integridade e intensidade em vida.

Deus te abençoe,

Franklin Rosa