Êxodo de gratidão
O livro do Êxodo é um dos que mais estão impregnados com a ambiguidade e incoerência da alma humana, devido a alternância entre os picos de euforia e os vales de mau humor pelos quais transitavam a disposição de ânimo do povo hebreu.
Provavelmente se fosse hoje, os profissionais da saúde que trabalham com as patologias da mente humana, talvez diagnosticassem aquele povo de personalidade tão controversa com transtorno bipolar, ou quem sabe, com transtorno de memória recente.
A facilidade com que eles manifestavam sensação de bem estar seguida abruptamente de emoções negativas num curto período de tempo fazendo com que eles esquecessem momentos de felicidade e êxito experimentados recentemente, realmente é um caso a ser estudado criteriosamente.
É óbvio que não podemos desconsiderar as condições extremamente difíceis pelas quais passaram durante vários anos acumulando uma carga histórica de sofrimento, em um ambiente carregado de intensa hostilidade e desumanidade.
Mas, o que se espera de um povo que poucos dias antes foi protagonista de grandes eventos que concorreram para a sua libertação depois de quatro séculos de escravidão (Gênesis 15:13) / (Êxodo 12:40,41), é no mínimo que tenham confiança, pois, se chegaram até onde estavam presenciando sinais e maravilhas que transcendiam a razão, sem sombra de dúvidas Deus não os abandonaria a própria sorte.
Para entender a gravidade do estado de espírito e rebelião daquele povo que se queixou tão rápida e equivocadamente da liderança de Moisés e consequentemente do próprio Deus entre os versos 1 e 24, precisamos atentar para o verso 22.
Foram suficientes somente 3 dias caminhando no deserto para que aquela gente perdesse a paciência, a esperança, e então reclamasse sem sequer considerar o livramento que pouco antes haviam recebido.
A breve transição do verso 1 para o verso 24 do capítulo 15 deste livro, me faz pensar que o Êxodo é logo ali na esquina onde todos os mortais se encontram para trocarem entre si queixas e sentimentos de desmotivação de uma mentalidade acometida pela síndrome de ingratidão, que não consegue reconhecer a bondade e misericórdia recebida todos os dias do Criador.
Que Deus no livre desse “êxodo de gratidão” do nosso coração, que faz retornar nossa alma para o Egito!
Deus te abençoe,
Franklin Rosa