Deus busca ofertantes

Ao cabo de dias trouxe Caim do fruto da terra uma OFERTA ao Senhor. Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura. Ora, atentou o Senhor para Abel e para a sua OFERTA, mas para Caim e para a sua OFERTA não atentou. Pelo que irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. (Gênesis 4:3-5)

A questão aqui não é discutir a legitimidade da contribuição financeira do fiel para com a manutenção e expansão da sua instituição religiosa e dos projetos em que ela está engajada, pois se ele desfruta do que é oferecido por esta comunidade, é questão de bom senso cooperar tendo amplo embasamento teológico para isso conf. (Pv 3:9-10) (At 4:32-35), só para citar alguns textos.

Tampouco quero entrar no mérito do uso das contribuições para pagamento de subsídio monetário (salário) para os obreiros que dedicam tempo integral em suas funções, pois este ponto também está bem resolvido, conceituado e estimulado pelas Escrituras conf. (2 Co 9:10) (1Tm 5:18), entre outros.

O que pretendo é desconstruir a ideia da oferta como instrumento de sensibilização ou manipulação da boa vontade de Deus para com ofertante, ou no outro extremo, como barganha para se obter benefícios que pelo simples exercício da fé sem dar algo em troca, normalmente não seria possível, pois afinal de contas como dizem alguns: “a oferta atrai e chama a atenção de Deus”.

O ponto aqui, é que em algumas comunidades cristãs (não são todas), alguns líderes (não são todos) por pura desonestidade intelectual ou por ignorância teológica, transformaram esse tema em “vaca sagrada”, e fizeram dele o carro chefe e o assunto central em suas pregações, pressionando psicologicamente a membresia para que “deem o seu melhor” para Deus como fez Abel, o que traduzido na prática significa contribuir com quantias além das possibilidades, comprometendo o orçamento familiar, compromissos financeiros e a dignidade material dos fiéis.

É óbvio que aquele que se propõe a fazer o que quer que seja para Deus ou pelo Reino DELE, deve fazê-lo com um coração generoso e grato por tudo que Deus já fez por ele através do sacrifício do Senhor Jesus, e que se houver disposição interior conf. (2 Co 9:7) e condição de contribuir com quantias significativas além do normal, não existe problema algum, pois Deus ama quem dá com alegria, desprendimento e despretensão.

Muito se tem falado que Deus aceitou a oferta de Abel porque era sacrifício animal e rejeitou a oferta de Caim porque era fruto da terra. O fato é que o texto diz que Deus a priori (ordem de prioridade) atentou ou prestou atenção em Abel, na sua atitude interior de dedicar e oferecer a si próprio ao Senhor antes mesmo da oferta.

A ênfase definitivamente não é na oferta e sim no ofertante, porque antes de aceitar coisas ou $ifrão, Deus aceita e recebe pessoas. 

Sim, é verdade que a oferta revela o ofertante, mas a questão não é quantia ou o valor agregado no que será oferecido, pois uma pessoa pode ofertar valores vultuosos e ainda assim estar com o seu coração distante pelo interesse no retorno que terá. O contrário também é verdadeiro, uma pessoa pode dispor de uma pequena quantia, mas ainda assim ter agradado a Deus pela inteireza de coração (Marcos 12:41-44).

Deus está buscando adoradores e não contribuintes, por esta razão, Caim foi rejeitado nos ensinando que se não houver integridade, de nada adianta trazer grandes somas em dinheiro para tentar convencer Deus a ser favorável.

Deus te abençoe,

Franklin Rosa