Se necessário, use palavras?
Pregue a
palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija, exorte
com toda a paciência e doutrina (2Tm 4:2).
Algumas
pessoas relativizam a pregação do Evangelho talvez por medo ou constrangimento
em testemunhar, ou então, por falta de habilidade com as Escrituras, valendo-se
de uma máxima atribuída a Giovanni di Pietro di Bernardone, mais conhecido como
“São Francisco de Assis – frade católico romano do final do século 12 e início
do século 13:
“Pregue o Evangelho o tempo todo. Se necessário
use palavras”.
Usar uma
frase de efeito como essa sem atentar-se para o que as Sagradas Escrituras
afirmam, ou para que o autor dela intencionou ensinar no contexto, é ignorar a
importância da pregação, assim como um desserviço ao Reino de Deus.
Alguns
estudiosos da biografia do religioso católico, afirmam que o que ele estava querendo
transmitir com esta frase, era que a pregação deveria ir além do “kerigma”
(proclamação no grego) das Sagradas Escrituras, ou seja, o anuncio do evangelho
deve obrigatoriamente ser acompanhado das boas obras, ou de um bom testemunho
que convença os ouvintes de forma eloquente e persuasiva.
Seja como
for, a Bíblia nos orienta categoricamente em (Rm 10:14,17), que a proclamação das
Escrituras é indispensável: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E
como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver
quem pregue?”. “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”.
É verdade
que a pregação do Evangelho deve ser acompanhada de um bom testemunho de vida e
conduta, mas ela por si só é eficaz e poderosa para transformar e iluminar
corações obscurecidos pelo pecado e pelo engano, e deve ter a primazia quando o
que se pretende é fazer a vontade de Deus conhecida: “Porque a palavra de Deus
é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e
penetra até a divisão de alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para
discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4:12).
O Senhor
Jesus tratou desse conflito entre pregação e coerência na conduta de vida,
quando confrontou os fariseus em (Mt 23:2,3): “Os mestres da Lei e os fariseus
têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e
seguir tudo o que eles dizem. Porém não imitem as suas ações, pois eles não
fazem o que ensinam”.
Isso
significa que as duas verdades devem andar juntas, esse é um ponto
inquestionável e Jesus faz a denúncia, todavia, Ele destaca o poder inerente,
intrínseco, persuasivo, transformador e iluminador da Palavra de Deus
independente do instrumento que está sendo usado na proclamação dela.
A Palavra de Deus tem vida própria e não é refém de nada e
nem de ninguém: “Antes de ser criado o mundo, aquele que é a Palavra (Jesus) já
existia. Ele estava com Deus e era Deus. Desde o princípio, a Palavra estava
com Deus. Por meio da Palavra, Deus fez todas as coisas, e nada do que existe
foi feito sem ela. A Palavra era a fonte da vida, e essa vida trouxe a luz para
todas as pessoas. A Palavra se tornou um ser humano e morou entre nós, cheia de
amor e de verdade. E nós vimos a revelação da sua natureza divina, natureza que
ele recebeu como Filho único do Pai” (Jo 1:1-4,14).
Antes de ascender aos céus o Senhor Jesus deu uma ordem explícita
aos seus discípulos, que obviamente é uma incumbência que se refere a nós
também como seus seguidores no século XXI: “Ide por todo o mundo, e pregai o
evangelho a toda criatura” (Mc 16:15).
Portanto, usar como pretexto uma frase fora do contexto Bíblico
para desobrigar-se dessa tão importante tarefa delegada pelo nosso Senhor, é
contribuir com o avanço do reino das trevas.
Deus te abençoe,
Franklin Rosa