O tempo chegou!

“Pois vai chegar o tempo em que as pessoas não vão dar atenção ao verdadeiro ensinamento, mas seguirão os seus próprios desejos. E arranjarão para si mesmas uma porção de mestres, que vão dizer a elas o que elas querem ouvir. Essas pessoas deixarão de ouvir a verdade para dar atenção às lendas” (1Tm 4:3,4).

Conversando por estes dias com um amigo que é pastor de uma comunidade em um bairro periférico da cidade onde mora, ele me dizia a respeito da rotatividade dos frequentadores de suas reuniões, e do êxodo de membros para as chamadas “mega church’s”,  Igrejas que em grande parte operam no modelo de franquia religiosa, com técnicas estratégicas de marketing e implementação padronizada, não muito diferente da visão mercadológica e empresarial do mundo.

Este amigo desabafava dizendo que muitas pessoas que eram do bairro e que já haviam buscado socorro espiritual em momentos de crise em sua comunidade, agora estavam se desdobrando e se deslocando até o centro da cidade em longas distâncias, para frequentarem comunidades que eles consideravam mais atrativas e com uma estrutura mais sofisticada, atendendo assim suas demandas.

Já desconfiando de antemão a resposta, perguntei então ao meu amigo qual era a razão desse movimento da membresia de sua comunidade para outras maiores e com maior projeção social? Foi aí que ele me disse em tom pesaroso que havia confrontado em amor o pecado de alguns membros que não queriam mudar de vida e se alinhar a mensagem do Evangelho de Jesus. Que havia exortado alguns que eram descompromissados, indisciplinados, insubordinados e criadores de confusão. E outros simplesmente foram embora sem dar satisfação alguma demonstrando enorme ingratidão.

Conhecendo esse meu amigo que é altamente capacitado teologicamente, que é homem de Deus cheio do Espírito Santo, que prega uma mensagem cristocêntrica, que é um verdadeiro pastor de ovelhas, e que há muito tempo deixou as atividades seculares para se dedicar integralmente ao rebanho de Cristo, disse a ele também em tom de pesar por ver a diluição da compreensão de algumas pessoas sobre o que significa ser parte do corpo de Cristo:

– Irmão, algumas pessoas não querem ser pastoreadas. Elas querem um “guru”. Elas querem um “coach”. Elas querem um “animador de auditório”. Elas querem ouvir uma mensagem motivacional que provoque sensações e acaricie seu ego. Elas querem frequentar um programa religioso que lhes ofereça entretenimento emocional onde elas possam passar o final de semana junto com sua família sem terem compromisso algum. Eles querem apenas pagar o dízimo para desencargo de consciência como se paga a mensalidade de um clube recreativo. Elas não querem que entrem na sua privacidade e não querem ser confrontadas, porque muitas somente estão convencidas e não convertidas. Elas querem somente ser amantes do corpo de Cristo desfrutando dos prazeres, mas não querem ser casadas e aliançadas com as implicações desgastantes decorrentes dessa união espiritual.

Meu amigo ficou pensativo, tentou retomar a conversa para continuar desabafando e aprofundando o assunto, mas fomos interrompidos e o lamento de ambos encerrou-se ali.

É óbvio que algumas pessoas tem motivos legítimos para buscarem outra comunidade que esteja alinhada com suas necessidades e convicções, e não é isso que está sob discussão, mas a verdade é que a grande maioria desses estão “desigrejados” dentro de uma instituição, porque não compreenderam ainda o que é ser corpo de Cristo de maneira orgânica e comprometida com o Reino de Deus.

Paulo apóstolo disse a problemática Igreja em Corinto que eles eram o corpo de Cristo, e cada um deles individualmente fazia parte desse corpo como membro (1Co 12:27).

Creio que você há de concordar comigo que não é comum e nem saudável ficar fazendo procedimento cirúrgico indiscriminadamente para transplante de órgão (leia-se membro de Igreja) só porque não está harmonizado com o restante do corpo. Existem casos que sim, é necessário por uma questão de qualidade de vida ou até mesmo de sobrevivência, mas são exceções. O mesmo ocorre com o corpo de Cristo. Não é saudável ficar “transplantando” membros de uma comunidade para outra somente por uma questão de vaidade ou harmonização, a menos que haja uma legítima necessidade.

Concluo essa reflexão, com duas exortações que a muito tempo já foram esquecidas por alguns:

“Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil” (Hb 13:17).

“Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia” (Hb 10:25).

 

Deus te abençoe,

Franklin Rosa