Asa, rei de Judá


Esboço comentado e material de apoio para Escola Bíblica Batista Betel lição 15 (História de Israel – Da Monarquia ao Reino Dividido)

TEXTO BASE: 1 Reis 15:9-24

INTRODUÇÃO: Os grandes reavivamentos na Bíblia foram fruto de reformas inadiáveis e imprescindíveis que necessitavam serem feitas.

b. Foi assim no tempo de Esdras e Neemias, com o rei Ezequias (2Cr 29:1-36), com o rei Josias (2Cr cap. 34,35), e foi assim também na reforma protestante quando no dia 31 de Outubro de 1517 Martinho Lutero questionando o abuso de autoridade do Papa afixou na porta da catedral de Wittemberg suas 95 teses de crítica aos desvios doutrinários da Igreja católica.

c. Reavivamento é um despertar espiritual que pode ocorrer de forma individual ou coletiva, em que as pessoas se voltam para Deus e experimentam um senso renovado de propósito e paixão em sua fé.

d. (2Cr 7:14) descreve qual o caminho a ser percorrido para que essa renovação aconteça de fato: E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.

e. O rei Asa de Judá se destacou em sua época por promover uma reforma religiosa e um reavivamento espiritual, no meio de um povo que desde o rei Salomão vinha se corrompendo com a idolatria absorvida através de alianças políticas feitas com nações vizinhas.

I. AS REFORMAS DE ASA

1. Asa não admitiu reproduzir cegamente o padrão corrompido dos seus antepassados: Salomão seu bisavô, Roboão seu avô, e Abias seu pai, foram reis que desviaram dos caminhos do Senhor.

* (1Rs 15:11) E Asa fez o que era reto aos olhos do SENHOR, como Davi seu pai.

2. Asa não se deixou pressionar pelo modelo maligno operante, aceito como normal pela sociedade: Em Judá havia muitos lugares com altares e objetos ligados ao culto pagão idólatra das nações vizinhas.

* (1Rs 15:12) Porque tirou da terra os rapazes escandalosos, e tirou todos os ídolos que seus pais fizeram.

3. Asa não permitiu que laços afetivos interferissem na sua fidelidade a Deus: Radicalizou chegando ao extremo de depor a própria avó do trono.

* (1Rs 15:13) Chegou até a depor sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, pois ela havia feito um poste sagrado repugnante. Asa derrubou o poste e o queimou no vale do Cedrom.

4. Asa não se rendeu a inovações teológicas, mas restabeleceu o culto no padrão de Deus, e não no padrão dos homens: Na lei de Moisés, o culto e todas as práticas religiosas de Israel eram bem definidas.

* (2Cr 14:4) (Asa) Ordenou ao povo de Judá que buscasse o Senhor, o Deus dos seus antepassados, e que obedecesse às leis e aos mandamentos dele.

II. A RENOVAÇÃO DO ALTAR DO SENHOR

a. O reino estava dividido politicamente, mas unido na idolatria. Assim como Jeroboão e Acabe no reino do norte (1Rs 12:32 / 16:32), em Judá também reis como Acaz e Manassés, desprezaram a comunhão com o Senhor, profanaram o culto, ofereceram sacrifícios humanos e promoveram a idolatria (2Rs 16:2-19 / 17:1-19 / 21:1-9 / 23:1-20).

b. Sabendo da importância da adoração a Deus, uma das primeiras medidas de Asa foi renovar o altar do Senhor.

* (2Cr 15:8) Asa, tendo ouvido estas palavras, e a profecia do profeta filho de Odede, cobrou ânimo e lançou fora as abominações de toda a terra de Judá e de Benjamim, como também das cidades que tomara na região montanhosa de Efraim, e renovou o altar do Senhor, que estava diante do pórtico do Senhor.

c. O altar do sacrifício no A.T. apontava para Cristo e o seu sacrifício perfeito e definitivo no N.T. (Hb 10:1-12). Por outro lado, essa figura também simboliza o coração do crente como altar de adoração a Deus, pois somos o templo do Espírito Santo (1Co 3:16,17).

d. Quando Elias desafiou os profetas de Baal e de Asera (1Rs 18:19-29), a primeira medida que tomou para que obtivesse resposta e a chuva voltasse a cair em Israel novamente depois de três anos de seca, foi restaurar o altar do Senhor que havia sido profanado e estava em ruínas.

* (1Rs 18:30,32a) Então Elias disse a todo o povo: chegai-vos a mim. E todo o povo se chegou a ele. E Elias reparou o altar do Senhor, que havia sido derrubado. Tomou doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, ao qual viera a palavra do Senhor, dizendo: Israel será o teu nome; e com as pedras edificou o altar em nome do Senhor...

e. A renovação/reconstrução/restauração do altar do nosso coração, é fundamental para que ocorra um despertamento/avivamento/reavivamento, e para que o Senhor possa derramar a chuva abundante do seu Santo Espírito sobre nós pondo fim a sequidão espiritual (1Rs 18:45).

III. A VISÃO ESTRATÉGICA DE ASA

a. Ciente de que a paz e a tranquilidade poderiam ser repentinamente transtornadas, Asa sabiamente aproveitou o período sem confronto contra outras nações ao redor para construir as defesas da cidade, e fortalecê-la contra a invasão dos inimigos.

* (2Cr 14:7) Disse ele ao povo de Judá: Vamos construir estas cidades com muros ao redor, fortificadas com torres, portas e trancas. A terra ainda é nossa, porque temos buscado o Senhor, o nosso Deus; nós o buscamos, e ele nos tem concedido paz em nossas fronteiras. Eles então as construíram e prosperaram.

b. Geralmente em tempos de paz, uma grande parte das pessoas arrefecem em sua comunhão com o Senhor e baixam a guarda deixando de vigiar contra o inimigo. Asa porém, fez diferente e se preparou para o dia mal.

* (Ef 6:10,11) No demais, irmãos meus, fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.

* (1Pe 5:8) Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.

IV. A GUERRA CONTRA ZERÁ

a. A desproporção do exército de Asa em relação ao exército do etíope Zerá era enorme, mas ele confiou no Senhor, buscou Seu socorro e foi ajudado.

* (2Cr 14:8-15) Ora, tinha Asa um exército de trezentos mil homens de Judá, que traziam pavês e lança; e duzentos e oitenta mil de Benjamim, que traziam escudo e atiravam com arco; todos estes eram homens valentes. E Zerá, o etíope, saiu contra eles, com um exército de um milhão de homens, e trezentos carros, e chegou até Maressa. E Asa clamou ao Senhor seu Deus, dizendo: Ó Senhor, nada para ti é ajudar, quer o poderoso quer o de nenhuma força. Acuda-nos, pois, o Senhor nosso Deus, porque em ti confiamos, e no teu nome viemos contra esta multidão. Ó Senhor, tu és nosso Deus, não prevaleça contra ti o homem. E o Senhor desbaratou os etíopes diante de Asa e diante de Judá; e os etíopes fugiram.

b. Às vezes nos sentimos desqualificados para obedecer o chamado e desafios propostos pelo Senhor, e também impotentes diante do nosso inimigo. Entretanto, não podemos nos esquecer que o nosso adversário já é derrotado porque “maior é aquele que está em nós do que aquele que está no mundo” (1Jo 4:4b). A parte que nos cabe é esforçar e ter bom ânimo, tomando cuidado para viver de acordo com a Palavra de Deus não nos desviando dela (Js 1:7), pois assim seremos bem sucedidos não meramente pelas conquistas, mas acima de tudo por ter a certeza de que estamos fazendo a vontade do Senhor a despeito dos nossos próprios interesses e das circunstâncias contrárias.

V. O DECLÍNIO DE ASA

1. Uma reforma parcial no presente pode causar transtornos no futuro

* (1Rs 15: 14) Embora os altares idólatras não tenham sido eliminados, o coração de Asa foi totalmente dedicado ao Senhor durante toda a sua vida.

a. Asa deixou um ótimo legado para seu filho, porém, a semelhança de seu pai, Jeosafá não retirou os altos idólatras (1Rs 22:43,44), como o fizeram totalmente Ezequias (2Rs 18:1-6) e Josias (2Rs 23:8,13,15,19).

b. A aplicação prática a respeito da postura de Asa em não eliminar totalmente tudo que dava ocasião a idolatria, aponta também para o fato de uma “conversão incompleta”, se é que podemos denominar nesses termos. Algumas práticas, hábitos e conceitos que não estão alinhados com a Palavra de Deus, precisam ser erradicados com urgência da nossa vida para que não sejam motivo de tropeço mais tarde.

2. Deixar de confiar em Deus para confiar em arranjos humanos é perigoso

a. Asa foi reprendido pelo profeta Hanani porque confiou mais na aliança política feita com Bem-Hadade o rei pagão da Síria para ajudá-lo contra Baasa rei de Israel, do que confiou no livramento e providência do Senhor. Seu erro foi tão grave que ele usou as finanças do templo (consagrada ao Senhor) e do palácio real para comprar o apoio de Ben-Hadade.

* (2Cr 16:7) Naquele mesmo tempo veio Hanani; o vidente, a Asa, rei de Judá, e disse-lhe: Porquanto confiaste no rei da Síria, e não confiaste no SENHOR teu Deus, por isso o exército do rei da Síria escapou da tua mão.

b. Quando nos distanciamos do Senhor e da Sua Palavra, ficamos suscetíveis a fazer acordos e alianças pecaminosas que podem  nos trazer prejuízos de natureza moral e espiritual.

* (2Co 6:14) Não se juntem com descrentes para trabalhar com eles. Pois como é que o certo pode ter alguma coisa a ver com o errado? Como é que a luz e a escuridão podem viver juntas?

* (1Co 15:33) Não se enganem: As más companhias estragam os bons costumes.

3. A apostasia leva a pessoa a responsabilizar terceiros pelo erro que ela deve assumir

a. Insatisfeito com a repreensão de Hanani e sem discernimento para compreender que a palavra profética procedia do Senhor, no auge de sua insensatez, orgulho e arrogância Asa lançou o profeta no cárcere e se voltou contra seu próprio povo punindo injustamente alguns deles.

* (2 Cr 16:10) Porém Asa se indignou contra o vidente, e lançou-o na casa do tronco; porque estava enfurecido contra ele, por causa disto; também Asa, no mesmo tempo, oprimiu a alguns do povo.

b. Quando não somos humildes para reconhecer o nosso próprio erro, a tendência natural é transferir a culpa para terceiros. Esse desvio de caráter foi gerado no Éden.

* (Gn 3:12,13) Ao que respondeu o homem: A mulher que me deste por companheira deu-me a árvore, e eu comi. Perguntou o Senhor Deus à mulher: Que é isto que fizeste? Respondeu a mulher: A serpente enganou-me, e eu comi.

4. Tão importante quanto começar bem é terminar bem

a. No final de seu reinado, Asa sofreu de uma doença nos pés. Em vez de buscar a cura em Deus, ele optou por buscar somente a ajuda dos médicos. Asa acabou morrendo sem se voltar para Deus em arrependimento, apesar de seus erros anteriores.

* (2Cr 16:12) No ano trinta e nove do seu reinado Asa caiu doente dos pés; e era mui grave a sua enfermidade; e nem mesmo na enfermidade buscou ao Senhor, mas aos médicos.

b. A Bíblia Sagrada relata vários casos de homens que começaram servindo a Deus de todo coração como por exemplo Saul e Salomão, mas que concluíram sua história de maneira desastrosa e infeliz.  É triste constatar mesmo em nossa época pessoas que foram tremendamente usadas por Deus, mas que apostataram da fé acabando seus dias em ruína moral e espiritual.

CONCLUSÃO: A reforma promovida por Asa é um ótimo legado de alguém que buscou agradar a Deus e restaurar a adoração verdadeira ao Senhor. No entanto, o declínio desse rei de Judá também é um testemunho contraditório de como até mesmo líderes renomados podem se desviar do caminho perdendo a fé, por confiar em suas próprias habilidades ou em alianças humanas sem a direção de Deus. Embora ele tenha começado bem, seu reinado terminou com atos de desobediência e falta de confiança no Senhor.


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Deus te abençoe,

Franklin Rosa