4 erros que cometemos numa crise

Texto: 2 Reis 6:24-33, 7:1-20

Tema: 4 erros que cometemos numa crise

“Sucedeu, depois disto, que Ben-Hadade, rei da Síria, ajuntando todo o seu exército, subiu e cercou Samaria. E houve grande fome em Samaria, porque mantiveram o cerco até que se vendeu uma cabeça de jumento por oitenta siclos de prata, e a quarta parte dum cabo de esterco de pombas por cinco siclos de prata”.

Introdução: É importante lembrarmos aqui que, Deus advertiu seu povo de que os castigaria caso eles não vivessem de acordo com as normas da Sua aliança. As punições previam a derrota militar (Lv 26:17,25,33,36-39 / Dt 28:25,26,49-52) e a fome (Lv 26:26,29 / Dt 28:17,48), e Israel estava sofrendo com as duas coisas. Se Jorão fosse um rei sábio e tivesse chamado o povo ao arrependimento e à oração, a situação certamente teria mudado (2Cr 7:14).

b. A crise humanitária em Samaria que era decorrente da crise espiritual, revela que Deus é soberano e que mesmo em tempos de dificuldades, Ele pode usar as circunstâncias para cumprir Seus propósitos e tratar com seu povo. Nesse contexto, a fome extrema forçou o povo a buscar Deus e Sua intervenção, e em última análise conduzi-los ao arrependimento. Contudo, se não tivermos humildade e sabedoria para reconhecermos os erros que nos levaram a situações de fracasso e humilhação, podemos cometer outros tão graves quanto.

1º Erro: Transferir nossa culpa para Deus (2Rs 6:26,27,33)

a. Israel estava vivendo um momento de tranquilidade em relação a enfrentamentos com seus inimigos vizinhos. Jorão, o rei de Israel, pensou que podia baixar a guarda depois da vitória que o Senhor havia dado sobre os sírios através de Eliseu (2Rs 6:8-23), e não vigiou suas fronteiras.

b. Samaria foi sitiada pelo exército de Ben-Hadade, e estava passando por uma terrível escassez de alimentos (2Rs 6:24,25). A fome era tão grande que as pessoas estavam recorrendo a medidas extremas para sobreviver. Nesse contexto, uma mulher se aproxima do rei de Israel e pede ajuda desesperadamente (2Rs 6:26).

c. A resposta do rei é reveladora. Ele transfere a responsabilidade da sua incompetência e impotência diante situação para Deus, dizendo: "Se o Senhor não a socorrer, de onde posso conseguir ajuda” (2Rs 6:27). Essa resposta levanta algumas questões importantes para nós.

d. Em momentos de crise, é fundamental assumirmos a responsabilidade pessoal pelas decisões e ações tomadas. Devemos lembrar que Deus não é o responsável pelas consequências da nossas ações ou falta delas, nem pela maneira como lidamos com as crises que enfrentamos. Ele nos deu livre arbítrio e espera que venhamos agir com sabedoria, prudência e vigilância em todas as circunstâncias.

2º Erro: Transferir nossa culpa para terceiros (2Rs 6:30,31)

a. Uma mulher se aproximou do rei de Israel, e fez um relato horrível sobre como ela e outra compatriota haviam concordado em cozinhar seus próprios filhos para comer. O rei ficou perplexo e angustiado (2Rs 6:28-30).

b. O que chama a nossa atenção, é que em vez de lidar com a situação de maneira honesta ou procurar soluções, o rei transfere imediatamente sua culpa e do seu povo para Eliseu, o profeta de Deus. Jorão, filho dos ímpios Acabe e Jezabel que já não tinha muito simpatia por Eliseu (2Rs 5:7), amaldiçoou o profeta e prometeu sua morte, como se isso fosse resolver o problema da fome (2Rs 6:31).

c. O rei estava disposto a sacrificar a vida de um homem justo, Eliseu, ao invés de se auto-analisar. Isso revela como as pessoas podem recorrer a medidas drásticas e injustas em momentos de desespero, somente para aliviar a própria culpa e responsabilidade.

d. O rei poderia ter buscado a orientação de Deus por meio do profeta, para encontrar maneiras de aliviar a fome em sua cidade. No entanto, em vez de enfrentar as consequências de suas próprias ações, ele tentou encontrar um bode expiatório em Eliseu.

3º Erro: Agir precipitadamente sem refletir (2Rs 6:28,29)

a. A fome era tão intensa em Samaria, que as pessoas estavam recorrendo a atos terríveis, como o canibalismo, para sobreviver. Foi o caso das duas mulheres mencionadas anteriormente, que haviam de comum acordo decidido cozinhar seus próprios filhos para comer (2Rs 6:28,29).

b. Em tempos de crise, as pessoas podem ser levadas a tomar decisões precipitadas por conta da pressão insuportável. A fome e o sofrimento eram tão intensos, que essas mulheres tomaram uma decisão terrível sem pensar nas consequências a longo prazo.

c. Situações desesperadoras exigem sabedoria e reflexão cuidadosa. É fundamental considerarmos as implicações de nossas ações antes de agir impulsivamente (Pv 14:29 / 19:2 / 29:20). No calor do momento, podemos fazer escolhas que mais tarde nos trarão arrependimento profundo.

d. Em vez de agir precipitadamente, devemos confiar e buscar orientação em Deus nesses momentos. Ele pode nos dar discernimento e mostrar caminhos para enfrentarmos as dificuldades, de maneira a não nos arrependermos posteriormente. Neste caso, as mulheres tiveram que suportar o peso do que fizeram.

4º Erro: Endurecer o nosso coração a voz de Deus (2Rs 7:1,2,16-20)

a. O profeta Eliseu recebe uma mensagem do Senhor, prometendo uma reviravolta na situação desesperadora em Samaria. Ele anuncia que, dentro de um dia, haveria abundância de alimentos a preços acessíveis (2Rs 7:1). No entanto, um alto oficial do rei duvida dessa promessa, expressando ceticismo e incredulidade. Ele questiona se mesmo Deus poderia fazer tal coisa (2Rs 7:2).

b. O oficial do rei demonstrou falta de fé e obediência à Palavra do Senhor. Ele permitiu que o ceticismo e a incredulidade endurecessem seu coração contra a mensagem do homem de Deus. É vital lembrarmos que Deus pode fazer o impossível, e nossa fé e obediência são fundamentais para recebermos Suas bênçãos.

c. A incredulidade e dureza do nosso coração podem ter consequências graves. Neste caso, o oficial testemunhou o cumprimento da promessa feita através de Eliseu, mas não desfrutou dos benefícios devido à sua descrença. Ele pagou um alto preço por sua atitude (2Rs 7:17,20).

d. Essa história serve como advertência para nós, sobre a importância de ouvir e agir responsivamente à voz de Deus com fé e humildade. Quando endurecemos o nosso coração ao que o Senhor está nos orientando através de seus instrumentos, amargamos derrotas e perdemos as bênçãos que Ele tem reservadas para nós.

Conclusão: Em nossa jornada aqui neste mundo enfrentamos crises de várias formas, muitas delas como resultado da nossa própria apostasia. Todavia, é fundamental nesses momentos nos arrependermos e lembrarmos da misericórdia de Deus, alimentando o nosso coração com a certeza de que Deus é a nossa fonte de graça, esperança e socorro. A crise em Samaria nos lembra que mesmo nas circunstâncias mais sombrias e difíceis Deus está presente, e é capaz de transformar situações desesperadoras e de fracasso em momentos de milagre e provisão, desde que a gente confie N'Ele, e tenha disposição para ouvir Sua voz e agir de acordo com Sua vontade.


Deus te abençoe,

Franklin Rosa