Fogo estranho - 7 erros de Nadabe e Abiú

Texto: Levítico 10:1-11

“Ora, Nadabe, e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu incensário e, pondo neles fogo e sobre ele deitando incenso, ofereceram fogo estranho perante o Senhor, o que ele não lhes ordenara. Então saiu fogo de diante do Senhor, e os devorou; e morreram perante o Senhor”.

Tema: Fogo estranho - 7 erros de Nadabe e Abiú

Introdução: Lendo essa passagem, talvez alguém seja sugestionado a pensar que essa história não tem nada a ver consigo, pelo motivo de não ser líder ou sacerdote no modelo vetero-testamentário. Porém, devemos lembrar que na Nova Aliança todos aqueles que foram chamados em Cristo, possuem o mesmo ministério, entretanto, numa configuração plena e aperfeiçoada não mais dependente das liturgias e objetos da Lei, mas nem por isso de menos importância ou responsabilidade (1Pe 2:9). O sacerdócio do crente em Jesus consiste no direito do homem ir diretamente a Deus, tendo como único mediador o nosso Senhor e Salvador (1Tm 2:5).

b. Com relação a Nadabe a Abiú, eles não eram pessoas ignorantes e alheias às coisas espirituais. Eles estavam familiarizados com as normas estabelecidas para o sacerdócio, e tinham visto Deus se manifestar sobrenaturalmente no monte Sinai (Êx 24:1-11). O pai deles era o sumo sacerdote Arão, e eles foram treinados pessoalmente para servirem ao Senhor. No entanto, eles sofreram as consequências da sua falta de reverência e temor, “pois o nosso Deus é fogo consumidor" (Hb 12:28,29).

c. Tudo o que Nadabe a Abiú fizeram foi errado, desde o início do trágico episódio. Precisamos aprender com essa triste história, o que não devemos sequer ousar pensar em fazer, para não pagarmos um alto preço pela nossa falta de santidade e reverência.

d. Os estudiosos dessa passagem se dividem quanto as possibilidades do significado do que seja o “fogo estranho”, mas para melhor entendermos os erros cometidos pelos filhos de Arão, nós iremos partir do pressuposto de que eles usurparam as atribuições do ministério do pai, por nos parecer a interpretação mais consistente. 

1º Eram as pessoas erradas

a. Deliberaram por conta própria executar uma função que não lhes dizia respeito. Eles não foram escolhidos para manusear o incenso e apresentá-lo ao Senhor. Essa era uma tarefa do pai deles, o sumo sacerdote Arão (Êx 30:7-10).

b. A Palavra de Deus nos orienta que o Senhor distribuiu funções, habilidades e responsabilidades aos membros do corpo de Cristo como bem quis (1Co 12:18). É um grave erro quando estamos onde não deveríamos estar, quando queremos a todo custo atuar em um ministério para o qual não fomos chamados nem capacitados.

2º Usaram os instrumentos errados

a. Como não tinham autorização para entrar no Santo dos Santos, conclui-se que usaram seus próprios incensários, em vez do incensário do sumo sacerdote, santificado com o óleo especial da unção (Êx 40:9).

b. Às vezes pensamos que porque somos dotados de algumas capacidades que nos destacam, podemos atuar indiscriminadamente onde bem entendemos. A obra de Deus não se faz com técnicas pessoais ou com nossos “achismos”. Precisamos discernir o dom que Deus nos deu, desempenhar ele com fidelidade sem invadir uma competência que não nos diz respeito.

3º Agiram na hora errada

a. Somente no Dia da Expiação é que o sumo sacerdote tinha permissão de levar incenso para dentro do Santo dos Santos (Lv 23:27), e mesmo assim, precisava se submeter a um ritual específico e rigoroso (Lv 16:11-14).

b. A precipitação tem sido um dos fatores principais, que tem levado ao fracasso muitas pessoas que teriam um futuro promissor, porque não souberam esperar o tempo de Deus (Pv 19:2). Nadabe e Abiú estavam na lista de sucessores imediatos (Ex 24:1), mas quiseram pegar um atalho sem precisar passar pelo processo.

4º Agiram sob a autoridade errada

a. Foram totalmente soberbos e insubmissos, e decidiram agir por conta própria sem prestar contas a ninguém. Não consultaram Moisés nem seu pai, nem se preocuparam em seguir as ordens que Moisés havia recebido de Deus (Ex 40:16).

b. Uma das marcas indispensáveis de quem deseja crescer e se destacar, é saber não atropelar a autoridade de quem está acima (Hb 13:17). A submissão, o respeito e a honra àqueles que foram investidos de autoridade, estão intimamente ligados a confiança e credibilidade que outros estarão dispostos a depositar em quem aspira posições superiores.

5º Ofereceram o fogo errado

a. As Escrituras qualificam como "fogo estranho" (vs. 1). O sumo sacerdote havia sido ordenado a queimar o incenso com brasas tiradas do altar de bronze (Lv 16:12), mas eles quiseram oferecer fogo a sua própria maneira.

b. Não são poucos aqueles que querem “causar” oferecendo fogo sem procedência em Deus. A carnalidade e o emocionalismo tem ganhado cada vez mais espaço em nossas reuniões, isso quando as manifestações não procedem de uma atuação maligna e enganadora: “E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz” (2Co 11:14). O fogo que oferecemos a Deus tem que ter origem em uma vida consagrada no altar – o fogo do Espírito Santo.

6º Agiram com a motivação errada

a. A impressão que temos, é que aquilo que fizeram foi um ato ego-centrado motivado pelo orgulho e vaidade. O desejo deles não era santificar e glorificar o Senhor (vs. 3), mas promover a si mesmos.

b. O mundo é extremamente competitivo e as pessoas estão numa corrida frenética por status e poder. O problema é que este mesmo modelo operante tem se infiltrado no meio do povo de Deus. Não são poucos aqueles que desejam um cargo na Igreja simplesmente pelo prazer de aparecer ou pelas benesses da função, mas sem compromisso algum de glorificar a Deus e cumprir a sua vontade.

7º Agiram sob influência errada

a. Os versículos 9 e 10 deixam implícito que eles estavam sob a influência do álcool. Provavelmente esse foi o erro principal que cometeram. A embriaguez os levou a pecar e a não fazer a devida distinção entre o santo e o profano.

b. Existem pessoas que precisam de uma “ajudinha extra” para criar coragem e chamar a atenção de outros, e para fazer o que normalmente elas não conseguiriam na simplicidade e sem mecanismos de persuasão psicológica. Estes são os mesmos que querem dar uma “turbinada” na auto-imagem, e para isso usam de sagacidade, subterfúgios e malandragem, criando situações para parecerem mais espirituais e acima da média.

Conclusão: A lamentável história de Nadabe e Abiú, nos leva a refletir profundamente sobre a nossa relação com Deus e a maneira como O servimos. Essa passagem deve acionar o sinal de alerta dentro de nós, a respeito da importância da santidade e reverência em tudo quanto nos dispomos a fazer diante de Deus.

 

Deus te abençoe,

Franklin Rosa