Uma Igreja na U.T.I.
Tema: Uma Igreja na U.T.I.
Introdução: Antes de tudo, é importante entendermos o contexto
histórico de Laodicéia. Esta era uma cidade próspera e rica, conhecida por suas
águas termais terapêuticas, por sua indústria têxtil, e pela medicina avançada
para época. No entanto, havia um quadro clínico espiritual grave naquela Igreja,
que estava adoecida pelo modelo operante da cidade onde estava instalada: a
indiferença espiritual.
b. Apesar da carta estar sendo
endereçada especificamente ao anjo da Igreja, que segundo o entendimento de
grande parte dos comentaristas refere-se ao líder, ou ao pastor daquela comunidade
local, esta é uma contundente advertência para todos os crentes que ali
congregavam, e por conseguinte, estende-se também como alerta para todos nós
que fazemos parte do corpo de Cristo, para não incorrermos no mesmo erro
daqueles irmãos.
c. O ocorrido com a Igreja em Laodicéia
não está nem um pouco distante da nossa realidade. Infelizmente, muitos de nós também
estamos com a saúde espiritual debilitada e a beira de um colapso, acometidos
pela mesma doença que os crentes daquela comunidade estavam. Podemos até estar representando
bem um papel religioso, mas o nosso coração está totalmente longe de Deus. Isso
acontece na maioria das vezes porque a semelhança da Igreja em Laodicéia, permitimos
que as preocupações do mundo e os prazeres passageiros nos afastem de um
relacionamento mais profundo e saudável com o Senhor.
d. Vamos analisar seis aspectos
importantes dessa passagem, e fazer algumas considerações com base neles:
1. O olhar clínico e cirúrgico de Jesus vs. 15a
* Não há nada que fique em oculto
diante de Deus. Ele conhece todas as coisas, inclusive nossos pensamentos mais
íntimos e nossas ações mais secretas. Portanto, não podemos nos enganar pensando
que estamos escondendo algo D’Ele (Hb
4:13). A expressão “conheço as suas obras”, deve nos fazer pausar e
refletir profundamente sobre como anda a nossa vida espiritual. O Senhor
conhece cada um de nós detalhadamente. Seu olhar penetrante não contempla
apenas as nossas palavras ou aparência, mas sonda os nossos corações e
conhece as nossas intenções mais bem disfarçadas de piedade. Diante disso,
precisamos perguntar a nós mesmos com a seriedade com que o assunto merece: O
que o Senhor Jesus diria sobre as nossas obras? Estamos vivendo uma vida que o
agrada?
2. O terrível diagnóstico da Igreja vs. 15b-17
* O Senhor Jesus usa uma expressão constrangedora
para descrever aquela Igreja: "nem
fria nem quente" vs. 15.
Essa mornidão espiritual é preocupante porque indica indiferença, falta de
fervor e compromisso (Mt 24:12). A Igreja
de Laodicéia se enxergava como rica e auto-suficiente, mas Jesus a repreende revelando que na verdade ela carecia de pena vs. 17. A indiferença e auto-suficiência é uma condição perigosa
que pode nos fazer acreditar que não precisamos de nada, quando na realidade
precisamos desesperadamente de Cristo. Quando somos mornos corremos o risco de
nos distanciar cada vez mais de Deus. Podemos até mesmo frequentar regularmente
reuniões de oração e ensino bíblico, mas tudo não passa de religiosidade sem
vida, pura performance para satisfazer o status diante da comunidade e da sociedade.
3. O método de tratamento
intensivo vs. 18-19
* Diferente de nós que somos condescendentes com o erro, Jesus demonstra seu amor através da repreensão e exige o
arrependimento para que todos se voltem para Ele e sejam curados (Pv 3:11,12). O conselho é que comprem
ouro refinado no fogo, frequentemente associado na Bíblia como um símbolo da fé
provada e purificada. Jesus também aconselha a Igreja a cobrir-se com vestes
brancas (símbolo de santidade) para que sua vergonhosa nudez espiritual não
seja exposta. O tratamento requer também colírio, simbolizando a necessidade de
discernimento espiritual para ter uma visão clara da vontade de Deus, para corrigir
a rota e continuar seguindo em seus caminhos. Todas essas recomendações tem de
ser observadas com zelo perseverante para que o tratamento seja de fato efetivo.
4. O convite terapêutico
a comunhão vs. 20
* Jesus faz um convite comovente para
termos intimidade com Ele. Isso revela o desejo de Cristo de ter comunhão
conosco mesmo quando pecamos e nos afastamos da sua presença. Ele está pronto
para entrar em nossas vidas, nos curar e abençoar. Tudo o que precisamos fazer
é ouvir sua doce voz e abrir a porta do nosso coração, para que sejamos
completamente sarados e restaurados pela sua abundante graça e misericórdia. Precisamos
desacelerar um pouco da corrida da vida, e voltarmos ao fervor da intimidade devocional.
As preocupações do dia a dia e o desejo desenfreado por sucesso e prazer adoecem
a nossa alma. A agitação nos priva da comunhão terapêutica com o nosso Senhor,
que deseja aliviar as nossas cargas emocionais e espirituais renovando nossas
forças (Mt 11:28-30).
5. A recompensa pós
tratamento intensivo vs. 21
* Para aqueles que se submeterem
humildemente ao tratamento indicado por Jesus, e superarem o desafio de não
permitir que as demandas deste mundo adoeça sua alma, Ele promete uma
recompensa gloriosa e eterna. Aos que vencerem a indiferença e auto-suficiência
espiritual sendo fiéis a Jesus, estarão aptos a compartilhar da sua glória e
autoridade. Isso é simbolizado pelo ato de sentar-se com Ele em Seu trono. É
uma representação da comunhão e da participação nos privilégios espirituais e
reais que Jesus tem como o Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele venceu e
sentou-se com seu Pai no seu trono, indicando que N’Ele podemos ser vencedores
também. A recompensa da fidelidade supera qualquer coisa que possamos perder
neste mundo (1Jo 2:15-17).
6. O último apelo para
a cura e avivamento espiritual vs. 22
* Jesus conclui a carta com um último
apelo, mas agora para a cura da surdez espiritual. Este é um desafio para sairmos
da zona de conforto e prestarmos total atenção a sua Palavra. Ele está nos
chamando para ouvirmos sua poderosa voz e obedecermos sem qualquer tipo de dúvida
ou resistência. Não importa o quão rica ou confortável seja nossa situação
material, Ele está nos advertindo para sermos fervorosos em nosso amor e
compromisso com Ele. O fracasso de um crente começa quando ele deixa de escutar
a voz do Espírito Santo, para dar ouvidos às vozes confusas e enganosas deste
mundo caído. Devemos responder a esse apelo buscando diligentemente fazer
a Sua vontade com arrependimento contínuo, e uma vida comprometida com seu
Reino e sua justiça (Mt 6:33).
Conclusão: Essa passagem deve nos acordar para a realidade de nossa
própria condição espiritual. Deus não quer que sejamos apenas
"religiosos" ou "cristãos de fachada". Ele deseja uma
comunhão genuína e profunda conosco. Não podemos nos dar por satisfeitos
simplesmente por frequentar uma instituição religiosa, é necessário vida de
intimidade com Deus. Precisamos nos arrepender da nossa apatia e indolência
espiritual, e voltarmos ao primeiro amor e a prática das primeiras obras para
que não venhamos perder o privilégio e a benção que o Senhor comunicou a nós
como Igreja (Ap 2:4,5).
Deus te abençoe,
Franklin Rosa