A crise de fé de um adorador
Texto: Salmos 73:1-28
“Quanto a mim, os meus pés quase tropeçaram;
por pouco não escorreguei. Pois tive inveja dos arrogantes quando vi a
prosperidade desses ímpios”.
Tema: A crise de fé de um adorador
Introdução:
b. O salmo do levita Asafe começa com
uma declaração impactante a respeito da bondade de Deus, que estabelece a base
da arena no confronto entre a emoção e a fé, na qual o salmista questiona a
aparente prosperidade dos ímpios e a justiça Divina. A luta de Asafe para
tentar entender essa incompatibilidade entre a justiça de Deus e o injusto
sucesso dos maus, é a mesma que todos nós cedo ou tarde teremos que enfrentar
na nossa jornada de fé.
c. Vamos destacar alguns aspectos
importantes deste salmo, para então chegarmos a inevitável conclusão de que “os olhos do Senhor estão sobre os justos e
os seus ouvidos estão atentos à sua oração, mas o rosto do Senhor volta-se
contra os que praticam o mal” (1Pe
3:12) (Sl 34:15).
1. A dificuldade de interpretação do dilema vs. 1-3
Asafe começa
bem reconhecendo que Deus é bom para Israel, mas rapidamente ele muda sua
narrativa, sua fé é desafiada ao observar a prosperidade dos ímpios, fazendo
com que ele fique profundamente perplexo e perturbado. Na leitura superficial
de Asafe os ímpios aparentemente estão livres de problemas e desfrutam de sucesso,
enquanto os justos como ele sofrem com a maldade dos arrogantes, e parecem
estar desamparados. A análise equivocada de Asafe não está muito distante da
que fazemos em momentos como o que ele experimentou. Muitas vezes também somos
confrontados com situações em que parece que os ímpios estão prosperando a
passos largos, enquanto nós que servimos a Deus estamos enfrentando diversas dificuldades.
O problema dessa interpretação imediatista é que ela desconhece os bastidores
do reino espiritual e ignora a conclusão escatológica da história.
2. O perigoso terreno da dúvida vs. 4-16
Nos versos seguintes
Asafe descreve sua tentação de duvidar da justiça de Deus. Ele está caminhando
no limiar de um abismo em que sua fé está prestes a ser empurrada para o fundo
do precipício do ceticismo. Ele começa a invejar os homens maus pensando que
viver uma vida justa talvez não valha a pena, já que os ímpios são comtemplados
com privilégios enquanto os justos sofrem com as agruras dos maus. Asafe é
honesto em confessar que quase perdeu a fé e que seus passos quase o levaram ao
tropeço e a apostasia espiritual. Essa é uma questão antiga que ainda hoje leva
as pessoas a duvidarem do caráter justo de Deus, porque tomam como base sua
própria justiça terrena, limitada e carnal. É natural nos questionarmos diante
de tais situações incompatíveis, mas não podemos nos deixar dominar pela dúvida,
pois ela pode nos levar a um terreno perigoso que nos faz tropeçar debilitando
nossa fé.
3. A mudança de perspectiva na presença de Deus vs. 17-20
Ao entrar no
santuário de Deus, a perspectiva de Asafe começa a mudar, e ele encontra
clareza e resposta para as interrogações que estavam consumindo seu ser. Quando
buscamos a presença de Deus, estamos declarando nossa insuficiência e
reconhecendo que Ele é a fonte de sabedoria e direção. Isso nos fortalece
espiritualmente, e nos ajuda a perseverar quando enfrentamos incertezas. A
comunhão com Deus nos coloca em sintonia com os seus pensamentos, e mesmo
quando não entendemos completamente as circunstâncias, Ele nos ajuda a interpretar
a situação do seu ponto de vista, porque a sua sabedoria transcende a limitação
que temos de enxergar as coisas além do que está posto diante de nós como
contradição. Na presença de Deus experimentamos alívio das ansiedades e
preocupações que frequentemente acompanham as dúvidas, e a certeza de que não
estamos sozinhos.
4. O reconhecimento das implicações na eternidade vs. 21-26
Após a mudança
de foco, Asafe reconhece a fragilidade da prosperidade dos ímpios que é
temporária. Ele percebe que o aparente sucesso dos maldosos é efêmero, e que a
verdadeira riqueza está em viver para a glória de Deus. Antes, Asafe estava
perturbado e se sentia em desvantagem, quando fazia comparações com aqueles que
afrontavam e desafiavam a Deus sem que nada lhes acontecesse de imediato. No
entanto, ao se render ao Senhor, ele ganha discernimento sobre o terrível
destino final dos ímpios. Ele percebe que, embora possam parecer bem-sucedidos
por um tempo, sua trajetória os levará à destruição. Asafe reconhece que Deus
age de forma justa e reta apesar das suas equivocadas suposições. Ele afirma
que é Deus quem coloca os ímpios em lugares escorregadios e os faz cair na ruína,
mas que também é Deus quem sustenta os justos e os galardoa com a vida eterna.
5. O reconhecimento da soberania de Deus vs. 27-28
Na versão NVI,
Asafe declara que fez do “Soberano Senhor
seu refúgio” vs. 28, e sabe que
o caminho dos infiéis conduz a destruição vs.
27. É necessário reconhecermos que Deus está no controle sobre todas as
coisas, pois só assim encontraremos paz e contentamento para nossa alma agitada.
A soberania de Deus está fundamentada na sua onisciência, na sua onipresença, e
na sua onipotência, ou seja, Ele sabe de tudo, Ele está em todos os lugares, e
Ele tem todo o poder em todo o tempo de eternidade em eternidade. Isso implica
em que o nosso Senhor é a autoridade suprema sobre todas as circunstâncias e
criaturas, que Ele tem o domínio sobre tudo e sobre todos, e absolutamente nada
está além de seu conhecimento ou alcance. Em momentos em que a nossa mente fica
confusa como a de Asafe, precisamos voltar a confiar na soberania Deus, mesmo
que não entendamos completamente seus caminhos.
Conclusão: O salmo 73 nos ensina a confiar em Deus em momentos de
dúvida, e lembrar que no final sua justiça prevalecerá, por mais confusas que
as circunstâncias possam parecer tentando nos convencer de que Ele está
indiferente a maldade que nos assedia sistematicamente. Este salmo também abre
os nossos olhos para a verdade de que a prosperidade segundo o padrão de Deus
não é medida pela riqueza material que alguém possui, mas pela proximidade com
Ele e pela conformidade com Sua vontade, pois em última análise, todas as coisas
cooperam para o bem daquele que O ama, e a Ele entrega a própria vida para
cumprir seu propósito.
Deus te abençoe,
Franklin Rosa