O cristianismo na ótica de C.S. Lewis
“Essa é uma das razões pelas quais eu acredito no
cristianismo: é uma religião que ninguém teria conseguido inventar." — C.S. Lewis |
C.S. Lewis, um dos nomes mais influentes da literatura cristã e da apologética do século XX, destacou-se por sua capacidade de unir razão e imaginação na defesa da fé. Sua abordagem única explorava não somente argumentos lógicos, mas também a profundidade simbólica e narrativa do cristianismo. Como ex-ateu convertido, ele via na fé cristã algo que transcendia meras construções humanas.
Na frase em destaque, C.S. Lewis não está apenas fazendo uma observação retórica sobre a singularidade do cristianismo, mas revelando uma percepção profunda sobre a natureza da verdade e da imaginação humana. Há camadas sutis nessa afirmação que merecem uma análise mais aprofundada.
Na concepção de Lewis, o cristianismo é uma surpreendente narrativa que desafia expectativas. Ele está sugerindo que, se o cristianismo fosse um mero produto da mente humana, ele seguiria padrões previsíveis de religiões fabricadas. No entanto, a fé cristã apresenta um Deus que se humilha, um Messias que vence morrendo e uma graça que desafia a lógica meritocrática. Nenhuma mente humana, ao criar uma religião, conceberia algo tão paradoxal: o Deus Todo-Poderoso entrando na história como um bebê indefeso.
Lewis constata no cristianismo a evidência do paradoxo Divino. Como pensador racional, ele percebe que o cristianismo não é um sistema criado para confortar ou agradar o ser humano. Ele apresenta doutrinas que confrontam nossos instintos mais básicos: amar os inimigos, negar a si mesmo, confiar na graça e não nas obras. Isso indica, para Lewis, que a fé cristã não pode ser um produto da mente humana em busca de autoafirmação ou conforto psicológico, mas a irrupção de uma verdade que transcende as categorias humanas de lógica e conveniência.
Para Lewis, os mitos são ecos da verdade; o cristianismo, porém, é uma verdade encarnada. Apaixonado pela mitologia, ele via no cristianismo a realização de que todas as grandes histórias e mitos apenas ansiavam ser. Ele acreditava que os contos antigos sobre heróis sacrificais e redenção eram sombras de uma Verdade Maior — que se tornou realidade na pessoa de Cristo. O cristianismo não satisfaz apenas os anseios da alma humana por significado, mas faz isso de maneira inesperada e histórica.
Lewis entendeu que se o cristianismo fosse uma invenção humana, ele seria simplificado, domesticado, talvez limitado a um código moral confortável. Mas ele apresenta uma trama densa, cheia de tensão entre justiça e misericórdia, entre a soberania divina e a liberdade humana, entre a queda e a redenção. Essa complexidade é uma marca de algo genuíno, não de algo construído artificialmente, pois a verdade de Deus não é feita para ser fácil, mas para ser transformadora.
Nessa pequena frase, Lewis não apenas argumenta que o cristianismo é verdadeiro, mas que sua própria improbabilidade de ser produto da mente humana reforça essa verdade. Se fosse algo inventado, seria algo diferente. E é justamente porque é tão inesperado e paradoxal que ele crê.
“Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé.” — Romanos 1:16,17
Deus te abençoe,
Franklin Rosa
Sugestão
de leitura:
Cristianismo
Puro e Simples – C.S. Lewis
O Peso da Glória – C.S. Lewis
O Problema do Sofrimento – C.S.
Lewis