Luto, Perdão e Gratidão
Ler Luto, Perdão e Gratidão foi, para mim, mais do que conhecer uma história — foi reencontrar a alma de um amigo que conheço há tantos anos, um irmão de caminhada cuja força sempre admirei. Doutor José A. P. Ribeiro — ou Tisil para os íntimos — não escreveu apenas um livro; ele abriu o peito e deixou que cada cicatriz, cada perda, cada recomeço se transformasse em testemunho vivo.
Desde as primeiras páginas, quando ele fala sobre os pais — figuras “gigantes” que formaram sua base com amor e resiliência — já reconhecemos a pessoa que sempre admirei: um homem de sentimentos profundos, palavras sinceras e sensibilidade rara. Ao contar sobre a infância difícil — dividindo roupas entre irmãos, carregando pedras e tijolos para ajudar em casa — ele nos lembra que sua história sempre foi marcada pela luta, mas também por uma dignidade que o acompanhou por toda a vida.
O livro mergulha depois em um território muito mais profundo: a dor de perder uma filha. São capítulos escritos com lágrimas e coragem. A delicadeza de momentos como o último abraço de Bárbara, e a conversa em que ela diz estar “pronta para partir”, são impossíveis de ler sem sentir o coração apertado. José narra sem esconder a vulnerabilidade, e é exatamente essa franqueza que transforma sua dor em algo que alcança o leitor.
Mas o que mais me tocou — talvez por conhecer o ser humano por trás das palavras — foi perceber como, mesmo devastado, ele ainda buscou significado, fé e propósito. Seja quando fala sobre o impacto avassalador da tanatopraxia em seu processo de luto, seja quando narra a visita a treze religiões diferentes em busca de paz, José mostra que o sofrimento não o quebrou; o transformou.
E então vem o segundo golpe da vida, quando seu filho Luiz Gustavo sofre uma agressão brutal enquanto ele ainda enfrentava o luto da filha. Esses trechos doem, mas também revelam algo essencial em José: sua capacidade de permanecer de pé mesmo quando o mundo insiste em desabar.
O livro avança como a vida dele: sem atalhos, sem floreios. Cru, real, espiritual e humano. A fé sempre reaparece — às vezes cambaleante, às vezes resplandecente — mas nunca falsa. É a fé de quem lutou, questionou, chorou, e ainda assim encontrou espaço para agradecer.
Como leitor, fui tocado. Como amigo, fui lembrado da grandeza do homem que conheço desde a juventude. Como irmão de jornada, me vi acompanhando cada página com o respeito e o carinho que nossa amizade merece.
Luto, Perdão e Gratidão é um livro que dói, mas cura. Que pesa, mas eleva. Que sangra, mas também ilumina. E é, acima de tudo, um testemunho da força de alguém que eu tenho o privilégio de chamar de amigo há tantos anos.
Se um dia
alguém me perguntasse quem é o Doutor José Ribeiro, eu entregaria este livro. Porque
nele está tudo: o pai, o filho, o amigo, o guerreiro, o homem de fé — e
principalmente, o homem que ama.
Franklin✍
