Atos 12 – Breve Comentário Parte 04


A relação tensa e desafiadora entre fé e resposta de oração sempre existiu vs. 12-16

A primeira reação de Pedro após o milagre ocorrido com ele foi buscar refúgio na casa de Maria mãe de João Marcos, porque ele sabia a quem poderia recorrer na hora da necessidade. Como não era surpresa alguma quando ele chega e bate na porta da frente da casa, vários discípulos já estavam presentes naquele ambiente reunidos em oração e intercessão pela sua vida. Havia entre os crentes reunidos na casa daquela irmã, um sentimento profundo que os mobilizava a buscar a Deus pela libertação de Pedro. Uma empregada chamada Rode percebe um movimento diferente no lado externo da casa e sai para verificar o que era. Para sua surpresa e felicidade ali estava à resposta para o que estava ocorrendo no interior daquela habitação.

Rode foi pega de surpresa como quem não estava crendo no que estava acontecendo, ou talvez não esperava de fato que a oração fosse respondida daquela maneira inusitada. Quando ela deixa Pedro falando sozinho na porta da casa e corre atônita para dentro para relatar aos outros o que havia visto do lado de fora, eles desacreditam dizendo que ela estava fora do juízo, e tentam arranjar uma solução para o caso afirmando que era o “anjo” do apóstolo para justificar sua incredulidade. O que estava acontecendo naquele ambiente era essa tensão estranha que nós experimentamos muitas vezes com relação à oração. Nós oramos, mas a fé sempre é surpreendida pela semente da dúvida que insiste em tomar proporções maiores dentro de nós, até fazer sufocar a esperança.

Pedro que provavelmente deveria estar cansado por ter fugido as pressas e ansioso para entrar e sair da vista de seus perseguidores, insiste batendo na porta da casa buscando abrigo urgente. Quando a porta finalmente é aberta todos ficam pasmados com a visão. Até mesmo aqueles irmãos que já estavam acostumados com os inúmeros milagres presenciados desde o ministério do Senhor Jesus, agora se surpreendem com a resposta de suas orações. É certo que já fazia algum tempo que eles estavam reunidos nesse propósito e a demora na resposta provavelmente inquietasse o coração deles. Mas o que esperavam afinal? Estavam orando por orar? Parece-me que a convivência nada agradável entre fé e dúvida não é exclusividade nossa somente.

Uma coisa importante precisamos destacar aqui. A Igreja contemporânea que em grande parte não vive sob as mesmas circunstâncias de ameaça e perseguição que a Igreja primitiva, ora bem pouco e não é unida em seu propósito de intercessão. Isso acontece por conta de estar sobrecarregada com os cuidados deste mundo como advertiu o Senhor Jesus (Mateus 13:22). Nossas reuniões são pouco concorridas e eu diria até mesmo que são menosprezadas. A oração intercessória com frequência é feita tão somente centralizada no interesse pelos nossos próprios familiares. Não é de se estranhar que se essa tensão já acorria com uma comunidade que orava incessantemente e era unida de coração, quanto mais conosco que não temos a mesma intensidade e entrega que eles tinham.

Deus te abençoe,

Franklin Rosa

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