Atos 12 – Breve Comentário Parte 07


Por mais que a impunidade pareça compensatória, a fatura dela certamente chegará vs. 20-23

Herodes Agripa I tinha a falsa sensação de impunidade e segurança, porque se considerava intocável e acima do bem e do mal usurpando um status que não lhe pertencia, senão somente a Deus. Ele era neto do temível Herodes o Grande que havia determinado a morte de todos os meninos de 2 anos para baixo, por conta do nascimento de Jesus (Mateus 2:16-18) que representava uma ameaça ao seu trono. Ele já vinha de uma família conturbada que mantinha disputas internas pelo poder agravada por traição e assassinato. Quando se cresce num ambiente dominado pela ganância e por desvios morais e de caráter, a tendência é assimilar o comportamento e reproduzir o modelo.

A afirmação de que o exemplo familiar no qual ele cresceu e se desenvolveu, contribuiu decisivamente na formação do seu “caráter deformado”, é verdadeira. Mas isso não o isenta de suas responsabilidades pessoais e intransferíveis, pois ele tinha o livre arbítrio para caminhar por estradas menos tortuosas que seus antecessores. A própria Bíblia nos traz exemplos de filhos que resolveram romper com os padrões mentais de seus pais e fizeram a diferença sendo ótimos governantes. O contrário também ocorreu em que filhos que tiveram pais piedosos se desencaminharam na vida, e seguiram por caminhos contrários a bondade de seus genitores. Acaz, Ezequias e Manassés são um exemplo preciso do que estamos falando. Acaz foi um rei idólatra que sacrificou o próprio filho aos deuses pagãos e encerrou as atividades no templo (2 Crônicas 28). Acaz gerou Ezequias que foi um rei piedoso e muito conceituado por suas reformas (2 Crônicas 29/30). Ezequias gerou Manassés que foi um dos piores reis que Judá teve totalmente entregue a idolatria, e que também seguiu o exemplo de seu avô queimando seus filhos como sacrifício no vale do filho de Hinom (2 Crônicas 33).

Na verdade o cerne do problema nunca foi o meio como mencionado e exemplificado na história da monarquia de Israel (embora não ignoremos seu poder e influência), bem como, em tantos exemplos de pessoas que saíram de ambientes hostis e promíscuos moralmente, mas que resolveram fazer de suas vidas uma experiência diferente de dignidade e louvor. O problema sempre foi à disposição interior de ceder à inclinação para o mal e para a intenção corrompida do caráter. Herodes poderia ter feito diferente, mas os versos 20 a 23 mostram a vaidade, soberba e prepotência vasando pelos seus poros. A fatura tinha acabado de chegar quando ele cedeu à tentação de tirar Deus do trono e se apropriar de um lugar que não era seu por direito, recebendo elogios e glória que lhe massagearam o ego levando-o para o corredor da morte.

Flavio Josefo historiador do primeiro século escreve que Herodes foi acometido de uma dor abdominal insuportável. Muito já se especulou a respeito desse fato, mas não sabemos ao certo o que representou ser “comido de bicho”. Entretanto, a bajulação que inflou ainda mais seu orgulho fazendo com que não repreendesse o povo nem rejeitasse aqueles louvores indevidos, contribuiu significativamente para que sua sentença de morte fosse decretada. Como bem precisou Salomão: “O orgulho leva a pessoa à destruição, e a vaidade faz cair na desgraça” (Provérbios 16:18).

Deus te abençoe,

Franklin Rosa

CONTINUA PARTE 08 >>>